quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Agroecologia para acabar com a fome no Mundo

“No que a segurança alimentar mundial se refere, o rendimento da agroecologia supera o da agricultura industrial de grande escala” segundo perito em alimentação da ONU.

Bruxelas- “Os governos e as agências internacionais devem promover urgentemente as técnicas de cultivo ecológicas para aumentar a produção de alimentos e salvar o clima” afirma Olivier De Schutter, Relator Especial da ONU sobre o direito a alimentação, durante a apresentação das conclusões do Encontro Internacional de Agroecologia celebrado em Bruxelas nos dias 21 e 22 de Junho.
O Relator da ONU, acompanhado por 25 peritos do setor de agroecologia, excitou a comunidade internacional a questionar sobre as políticas agrícolas atuais e a desenvolver o potencial da agroecologia. “Há um ano, na reunião do G20 na Itália, os chefes de Estados se comprometeram a mobilizar 22 milhões de dólares durante um período de 3 anos para melhorar a segurança alimentar mundial. Estas foram boas noticias mas o problema urgente no reinvestimento da agricultura, não é quando mas sim como”, afirmou Olivies De Schutter.
Nas palavras do Relator Especial; ”Hoje os principais esforços se centram no investimento na terra em grande escala – incluindo muitos casos de acumulação de terra – e na implementação de um modelo de “Revolução Verde” que fomenta a produção de alimentos através da melhoria das sementes, dos fertilizantes químicos e de maquinaria, no entanto, se tem prestado muito pouca atenção nos métodos agroecológicos que tem demonstrado melhorar a produção de alimentos e os rendimentos dos agricultores ao mesmo tempo que protegem o solo, a água e o clima.”
O maior estudo até o momento sobre métodos agroecológicos (Jules Pretty, Universidade de ESSEX, Reino Unido) analisou 286 projetos em 57 países em desenvolvimento, o que representou uma amostra total de 37 milhões de hectares de superfície estudada. Os resultados mostraram que o rendimento médio dos cultivos era de 79%. Os exemplos concretos de “êxitos agroecológicos” afloram por toda a África. Na Tanzânia, as províncias ocidentais de Shinyanga e Tobora eram conhecidas anteriormente como “o deserto da Tanzânia”. Não obstante, o uso de técnicas de agrosilvicultura e processos participativos têm permitido que se reabilitem 350.000 hectares de terra em vinte anos. Os benefícios por família aumentaram de maneira espetacular para 500 dólares ao ano. Em 2005, se utilizaram técnicas similares em Malawi e graças a estas técnicas quase 100.000 pequenos agricultores puderam beneficiar-se do uso de árvores fertilizantes.
“Com mais de um milhão de famintos no mundo e os fenômenos climáticos extremos ante nós, temos que estender rapidamente estas técnicas sustentáveis” comentou o Sr. De Schutter. ”Devemos encontrar uma maneira de combater de uma vez a fome no mundo, a mudança climática e o esgotamentos dos recursos naturais, antes que isto complique ainda mais nossa tarefa. Tudo o que não vai nesta direção será uma simples perda de tempo.” Os peritos reunidos em Bruxelas identificaram as iniciativas que poderiam permitir o desenvolvimento de enfoques agroecológicos capazes de alimentar o mundo em 2050. Seu trabalho se baseou nas experiências dos países que já contam com políticas em favor da agroecologia, como Cuba e Brasil, nas experiências exitosas de diversos centros de investigação internacional, como o Centro Mundial de Agrofloresta em Nairoby e nos programas da Via Campesina, movimento campesino internacional, que conta já com programas de formação em agroecologia. “Podemos estender estes modelos sustentáveis de agricultura e garantir que beneficie de maneira específica os campesinos mais pobres. O que necessitamos agora é da vontade política necessária para fazer com que estes projetos piloto se convertam em políticas e programas nacionais”, disse o Relator Especial da ONU. Na Conclusão anunciou que pedirá ao Comitê de Segurança Alimentar Mundial que com tempo se converterá em “Conselho de Segurança para a Segurança alimentar” que tratasse precisamente durante sua seção de outubro das políticas e iniciativas ques permitirão estender e dar conhecimento a agroecologia. “Essa é a melhor opção que temos hoje. Não podemos desperdiçá-la”

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