segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

5ª Festa Nacional das Sementes Crioulas‏

A Festa acontece nos próximos dias 19 e 20 de março de 2011 em Anchieta com o objetivo principal de expor e promover o intercâmbio de sementes crioulas e de mudas, discutir a importância da biodiversidade e apresentar experiências agroecológicas locais, regionais e nacionais.


altSementes crioulas são sementes oriundas de gerações anteriores, desenvolvidas pelos próprios agricultores. Também são consideradas crioulas aquelas sementes oriundas de melhoramento oficial, mas que se encontram em cultivo e reprodução pelos agricultores há muitos anos.
O município de Anchieta é um dos principais pólos nacionais de produção e valorização de semente crioula. “O milho é o carro chefe, mas temos também pipoca, amendoim, arroz, feijões, hortaliças diversas, trigo, adubos verdes, melancia, melão e outras dezenas”, informa o extensionista de Anchieta, Ivan Canci, revelando que cerca de 100 produtores cultivam milho e 600 as demais espécies.
As principais vantagem da produção de sementes crioulas são a otimização da produção e produtividade, menores custos, produção de alimentos mais saudáveis, autonomia do agricultor, adaptação a diferentes ambientes, rusticidade, conservação da cultura, do conhecimento e da biodiversidade e construção de uma identidade com a terra, além do gosto pela atividade.
Estarão sendo vendidos alimentos como pamonha, milho verde cozido e milho assado, x-polenta, polenta frita e sapecada, sucos diversos, frutas, sorvetes e sanduíches, linguicinha das agroindústrias locais, filé de tilápia com polenta, doces e sobremesas diversas.
Os artesanatos à venda vão desde chapéus de palha de milho e de palha de trigo até toalhas bordadas a mão, bordados, tricôs, crochê e chinelos.
Também serão comercializados filé de tilápia congelado, carpas congeladas, açúcar mascavo, melado batido, salame tipo colonial, linguicinha mista e suína, copa, queijo colonial (três marcas locais), doces, geléias, pepino em conserva, picles, bolachas, bolachas integrais, pães, pães integrais e mel.
Mais informações: Ivan José Canci/Comissão de Comunicação/Epagri/Anchieta, no telefone: (49 – 3653-0149).

Festa das Sementes Crioulas
FEIRA DAS SEMENTES CRIOULAS
Programação
19/03/2011 – Sábado – Praça e Salão Paroquial
06:30 às 08:30 – Recepção das delegações no trevo e Portal da Festa
8:30 às 19:00 – exposição de sementes crioulas, mudas, feira do artesanato, feira de produtos agroecológicos, feira das pequenas agroindústrias, feira do peixe, exposição de pequenos animais, exposição de orquídeas.
                     - Funcionamento das bancas de alimentação
12:00 – Almoço
13:30 – Seminário de formação (paralelo a Feira): “Agroecologia, Sementes Crioulas e Cooperação: um projeto de desenvolvimento sustentável a partir do campo”
Palestras com: Inês Claudete Burg – Professora UFFS – Chapecó - SC
                        Valter Andreolli – Professor UNIJUI - RS
                        Gilso Giombelli  - Agricultor ecológico – Seara - SC
19:00 - Café Colonial no Centro de Convivência dos Idosos – Coord. APAE
20:30 -  Show Banda Tchê Kakareko
20/03/2011 – Domingo – Praça e Salão Paroquial
07:30 às 08:30 – Recepção no Portal da Festa
8:30 às 19:00 –   exposição de sementes crioulas, mudas, feira do artesanato, feira de produtos agroecológicos, feira das pequenas agroindústrias, feira do peixe, exposição de pequenos animais, exposição de orquídeas.
                      - Funcionamento das bancas de alimentação
9:00-10:00 – Celebração Ecumênica de Ação de Graças pela Festa das Sementes Crioulas
                    - Apresentação de místicas e teatro
10:00 às 11:00 – Lançamento da Campanha Contra os Agrotóxicos e em Defesa da Vida – coord. MPA-SC
12:00 – Almoço
14:30 – 16:30 - Apresentações de Gaiteiros e Violeiros de SC, PR e RS - Coordenação:  Profº Joacir Faccin
20:00h -  Encerramento com Show de Deivid e Eduardo       
Inseridos no evento haverá: Feira do Peixe, Feira do Artesanato, Feira das Pequenas Agroindústrias, Feira de Orquídeas, Exposição de Pequenos Animais, Experiências de Agroecologia e Cooperação, Experiências de cuidado com o Meio Ambiente

“SEMENTES: PATRIMÔNIO DOS POVOS A SERVIÇO DA HUMANIDADE”

Volatilidade de preços e crises alimentares

18 de fevereiro de 2011


Sem decisões que permitam mudanças estruturais a longo prazo, acompanhadas de vontade política, a insegurança alimentar global permanecerá

Jacques Diouf

A história precisa ser sempre um eterno recomeço? Estamos enfrentando o que poderia ser uma outra grande crise alimentar. O Índice de Preços dos Alimentos da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação) voltou a atingir seu nível mais alto no final de 2010.
E, nos próximos anos, a volatilidade e os preços continuarão altos, se não atacarmos as causas estruturais do desequilíbrio do sistema agrícola internacional. Seguimos reagindo a fatores conjunturais e, portanto, a gerenciar crises.
Até 2050, será necessário aumentar em 70% a produção agrícola mundial e em 100% nos países em desenvolvimento.
Para isso, a primeira e mais importante questão é a do investimento: a participação da agricultura na ajuda oficial ao desenvolvimento agora está em torno de 5%, e deve retornar ao patamar de 19%, de 1980, alcançando os US$ 44 bilhões por ano.
O orçamento destinado à agricultura pelos países de baixa renda e importadores de alimentos, que hoje gira em torno dos 5%, deveria atingir um mínimo de 10%, e os investimentos privados nacionais e estrangeiros, que representam cerca de US$ 140 bilhões por ano, deveriam subir para US$ 200 bilhões. Esses valores são uma fração do que se gasta anualmente na compra de armas, em torno de US$ 1,5 trilhão. Em seguida, temos o comércio internacional de produtos agrícolas, que não é livre nem justo.
É preciso, ainda, chegar a um consenso nas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC) para colocar fim à distorção dos mercados e das medidas comerciais restritivas.
Os países da OCDE proporcionam à sua agricultura um apoio equivalente a quase US$ 365 bilhões por ano, e seus subsídios e proteção tarifária a favor dos biocombustíveis causam o desvio de 120 milhões de toneladas de cereais do consumo humano para o setor de transportes.
Por último, temos a especulação financeira exacerbada pelas medidas de liberalização dos mercados futuros de produtos agrícolas, em um contexto de crise econômica e financeira. Essas condições tornaram instrumentos de arbitragem de risco em produtos financeiros especulativos que substituem outros investimentos menos rentáveis.
É urgente introduzir novas medidas de transparência e de regulamentação para fazer frente à especulação nos mercados futuros de produtos agrícolas. Em um contexto também incerto do ponto de vista climático, marcado por inundações e secas, é necessário poder financiar pequenas obras de controle de água, meios de armazenamento locais e estradas rurais, assim como portos de pesca e matadouros.
Só dessa forma será possível garantir a produção de alimentos e melhorar a produtividade e a competitividade dos pequenos agricultores, diminuindo os preços ao consumidor e aumentando a renda das populações rurais, que representam 70% dos pobres no mundo.
A aplicação dessas políticas globais deve ser baseada no respeito dos compromissos assumidos pelos países desenvolvidos e em desenvolvimento. A gestão de crises é importante, mas a prevenção é melhor. Sem decisões que permitam mudanças estruturais a longo prazo, acompanhadas de vontade política e dos recursos financeiros necessários para sua aplicação, a insegurança alimentar permanecerá.
Isso dará margem a instabilidade política em diversos países e poderá ameaçar a paz e a segurança mundial. Se não forem seguidos por ações, os discursos e promessas das grandes reuniões internacionais apenas aumentarão a frustração e a revolta em um planeta cuja população vai aumentar dos atuais 6,9 bilhões de pessoas para 9,1 bilhões no ano de 2050.

Jacques Diouf é diretor-geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO).

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Uma incompleta e envenenada História

Gustavo Duch Guillot
Galicia Hoxe
Tradução do espanhol: Renzo Bassanetti
  
Uma parte da História não é contada nos livros escolares. As bibliotecas esqueceram dela, que somente enche as páginas dos registros de óbitos. As corporações responsáveis por eles – as fábricas de agrotóxicos – estão tranquilas;  suas poções para o cultivo de alimentos são irrespiráveis, e sem respirar não se vive.
 Guerra Civil nos EUA:A maior fornecedora de pólvora para o exército da União foi a DuPont. A DuPont, inventora dos CFC (substâncias daninhas para a camada de ozônio) hoje continua com os negócios químicos: é dona da Pioneer, uma das produtoras de sementes transgênicas resistentes aos agrotóxicos, especialmente ao glifosato.
 Segunda Guerra Mundial: O gás Zyklon B, que era utilizado nas câmaras de extermínio nazistas, era um inseticida fabricado pela IG Farben. Souberam disso milhares de seres humanos. A herança da IG Farben foi repartida entre a Bayer, a Basf e a Hoechst. Tudo, exceto as responsabilidades penais.
 1945: Enquanto a bomba atômica mutilava Hiroshima, um navio americano também viajava para o Japão. Em seus compartimentos de carga, transportava agrotóxicos. A guerra em que seriam estreados teve que aguardar. O “agente laranja” destruíu milhões de hectares de florestas e cultivos na guerra do Vietnam. Somente os soldados americanos afetados pelos efeitos cancerígenos do veneno da Dow Chemical e Monsanto receberam indenizações.
 1984:A fábrica de pesticidas da Union Carbide em Bophal, na Índia, cuspiu veneno e mais de 10 mil pessoas morreram em poucos dias. Outras 15 mil morreram nos anos seguintes e mais de 100 mil continuam com problemas de saúde. A Dow Chemical, que comprou a Union Carbide, tinha aprendido o negócio: a transação não incluiu a responsabilidade sobre o acontecido.
 1979: Os Estados Unidos proibiram o uso do agrotóxico Nemagon. A Dow Chemical, sua produtora, sabia dos seus efeitos sobre a saúde das pessoas que o utilizaram, mas prolongou a venda nas plantações da América Central. Somente na Nicarágua, morreram mais de 1400 trabalhadores e trabalhadoras expostos ao veneno.
 2010: Fecha-se o círculo. Uma revista científica publica um estudo que demonstra que malformações observadas em humanos são compatíveis com a exposição ao glifosato durante a gravidez; mas continua em expansão a soja transgênica devota do glifosato de companhias como a Monsanto, DuPont ou Bayer.
 Os bancos da justiça (des)esperam.
 
 Fonte: http://gustavoduch.wordpress.com/2010/08/25/una-incompleta-y-envenenada-historia

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ministério Público proíbe a prática da capina química em área urbana

16/12/2010 às 08:55

O Ministério Público do Estado de Minas Gerais, por sua Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, instaurou ação civil pública em face ao município de Uberaba que proíbe a prática da capina química em área urbana. O município de Uberaba, por qualquer funcionário ou empresa terceirizada, ou de suas Secretarias Municipais se realizar o procedimento conhecido como 'capina química', em qualquer espaço do perímetro urbano, pagará multa no valor de R$ 10 mil.
Conforme o 1º Promotor de Justiça de Uberaba, Carlos Alberto Valera, em ultimato, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) expressa sua postura inabalável sustentando que a prática da capina química em área urbana não está autorizada pela Ansiva ou por qualquer outro órgão e não há nenhum produto agrotóxico registrado para tal finalidade.
Ainda segundo Valera, a Lei Estadual n. 10.545/1991, em seu art. 12 submete à pena de reclusão de dois anos a quatro anos, além da multa de 100 a 1.500 UPFMG o empregador, o profissional, o responsável ou o prestador de serviços que deixar de promover as medidas necessárias de proteção à saúde e ao meio ambiente. "O seu regulamento decreto nº 41.203/2000 classifica como infração utilizar agrotóxico ou afim em desacordo com os cuidados relativos à saúde, ao meio ambiente e à qualidade do produto final, (Art. 24, VIII), bem como a aplicação de agrotóxico ou afim não recomendados para a cultura (art. 31, §3º, item 3)", alerta.

Proibição - De acordo com o promotor, o Ministério Público concede a antecipação de tutela, a fim de proibir que o município de Uberaba, por qualquer funcionário ou empresa terceirizada, ou de suas Secretarias Municipais venha a realizar o procedimento conhecido como 'capina química', em qualquer espaço do perímetro urbano, com a imposição de multa diária. "A multa será no valor de R$ 10 mil de forma solidária entre o ente público e o eventual agente político ou servidor que tenha dado causa ao ato ilegal, para cada oportunidade em que for utilizado o referido procedimento, independentemente das demais sanções cabíveis, dentre elas criminais e administrativas. A eventual aplicação de multa deverá ser revertida para o Fundo Estadual dos Interesses Difusos (Fundif), junto ao Banco do Brasil S/A - agência nº 1615-2 - conta corrente nº 7175-7", acrescenta.


ANVISA PROIBE CAPINA QUÍMICA NAS CIDADES

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Agora, a bolha do preço dos alimentos

Publicado hoje no Estadão por Lester R. Brown

Produção acelerada de comida leva vários países a um consumo de água que não tem condições de se sustentar no longo prazo

Global Viewpoint

No início de janeiro, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) reportou que seu Índice de Preço dos Alimentos havia atingido o ponto mais alto em todos os tempos em dezembro, superando o recorde anterior estabelecido na escalada de preços de 2007-2008. Mais alarmante ainda, no dia 3, a FAO anunciou que o recorde de dezembro fora quebrado em janeiro quando os preços subiram mais 3%.

Será que essa alta dos preços dos alimentos prosseguirá? Com toda probabilidade, veremos novos aumentos que levarão o mundo ao território não mapeado da relação entre preços dos alimentos e estabilidade política.

Tudo depende agora da safra deste ano. Baixar os preços dos alimentos para um nível mais confortável requererá uma safra abundante, muito maior que a safra recorde de 2008 que se combinou com a recessão econômica para encerrar a alta dos preços dos grãos em 2007-2008.

Se o mundo tiver uma safra fraca este ano, os preços dos alimentos subirão para níveis anteriormente impensáveis. Os saques de alimentos se multiplicarão, a agitação política se espalhará, e governos cairão.

O mundo está hoje a uma safra ruim do caos nos mercados mundiais de grãos.

No longo prazo, expandir rapidamente a produção de alimentos está se tornando mais difícil na medida em que as bolhas de alimentos baseadas no bombeamento excessivo de lençóis subterrâneos estourarem, encolhendo as safras de muitos países. Enquanto isso, a crescente volatilidade climática, incluindo eventos de tempo mais extremos e frequentes, tornará mais aleatória a expansão da produção.

Cerca de 18 países inflaram sua produção de alimentos nas últimas décadas bombeando em excesso a água de aquíferos para irrigar as plantações. Na Arábia Saudita, que foi autossuficiente em trigo por mais de 20 anos, o cultivo de trigo está em colapso e, provavelmente, desaparecerá inteiramente dentro de um ano, aproximadamente.

Na Síria e no Iraque, as safras de grãos estão lentamente encolhendo à medida que os poços de irrigação secam. O Iêmen é um caso de colapso hidrológico, em que lençóis freáticos estão encolhendo por todo país e os poços vão secar. Esse estouro de bolhas de alimentos faz do Oriente Médio árabe a primeira região geográfica onde o esgotamento de aquíferos está fazendo encolher a safra de grãos.

Embora esses declínios no Oriente Médio sejam dramáticos, as maiores bolhas de alimentos baseadas na água ocorre na Índia e na China. Um estudo do Banco Mundial indica que 175 milhões de pessoas na Índia estão sendo alimentadas com grãos produzidos com excesso de bombeamento. Na China, o bombeamento em excesso está alimentando 130 milhões de pessoas.

No lado da demanda da equação dos alimentos, há três fontes de crescimento hoje em dia. A primeira é o crescimento populacional. Haverá 219 mil pessoas na mesa de jantar desta noite que não estavam lá na noite passada, muitas delas com os pratos vazios.

A segunda é a riqueza crescente. Cerca de três bilhões de pessoas estão tentando subir na cadeia alimentar, consumindo mais carne, leite e ovos que dependem de um consumo intenso de grãos. E terceira, quantidades massivas de grãos estão sendo convertidas em etanol para mover carros. Cerca de 120 milhões de toneladas dos 400 milhões de toneladas da safra americana de grãos de 2010 estão indo para destilarias de etanol.

Um fato animador é que o presidente Nicolas Sarkozy, da França, prometeu usar seu mandato como presidente do G-20 em 2011 para estabilizar os preços mundiais dos alimentos. Por enquanto, as conversas têm sido sobre medidas como regular as restrições às exportações e a especulação, mas se o G-20 terminar tratando os sintomas e não as causas da alta dos preços dos alimentos, o esforço será pouco proveitoso.

O que é preciso agora é um esforço mundial para aumentar a produtividade da água, semelhante ao que foi lançado pela comunidade internacional há meio século para aumentar a produção das terras agrícolas.

No lado da demanda, precisamos acelerar a mudança para famílias menores. Há 215 milhões de mulheres no mundo que querem planejar suas famílias, mas não têm acesso ao planejamento familiar. Elas e suas famílias representam mais de um bilhão das pessoas mais pobres do mundo. Enquanto tapamos o buraco do planejamento familiar, precisamos lançar um esforço geral para erradicar a pobreza. Uma vez em curso, essas duas tendências se reforçam mutuamente.

E num mundo cada vez mais faminto, converter grãos em combustível para carros não é a maneira certa de avançar. Já é hora de retirar os subsídios para a conversão de grãos e outras colheitas em combustível automotivo. Se o presidente Sarkozy conseguir fazer o G-20 se centrar nas causas da elevação dos preços dos alimentos e não apenas nos sintomas, os preços poderão ser estabilizados num patamar mais confortável./ TRADUÇÃO CELSO M. PACIORNIK

LESTER R. YOUNG, FUNDADOR DO EARTH POLICY INSTITUTE, FOI CHAMADO DE UM DOS PENSADORES MAIS INFLUENTES DO MUNDO PELO "WASHINGTON POST"

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos

A nanotecnologia oferece novas oportunidades para indústrias ligadas à cadeia de produção agrícola, mas pode gerar enormes riscos para saúde e o meio ambiente.

Por Redação do IHU Online
"Como são regidas pelas leis da física quântica, as nanopartículas apresentam comportamentos distintos dos habituais para materiais em escala macroscópica. Testes de laboratório mostraram, por exemplo, que nanopartículas de óxidos de metais podem penetrar nas células e danificar o DNA. Devido ao tamanho diminuto, partículas não são retidas pela barreira do cérebro ou pela da placenta", adverte a fundadora do Centro Ecológico do município de Ipê, Rio Grande do Sul.

Em entrevista concedida por e-mail a IHU On-Line, a pesquisadora assinala que genes de plantas geneticamente modificadas são transferidos para bactérias intestinais humanas. No caso dos cultivos Bt, ressalta, "nos quais toda a planta é transformada num agrotóxico pela transgenia, se os genes Bt forem transferidos, eles poderiam fazer nossas bactérias intestinais tornarem-se fábricas vivas de agrotóxicos". Com isso, destaca, aumenta a probabilidade de os transgênicos serem responsáveis por doenças toxológicas.

Para Maria José, a expansão da fronteira agrícola brasileira "é uma das causas do aumento do consumo de agrotóxicos juntamente com os cultivos de transgênicos" no país. E acrescenta: "Não por coincidência, algumas das maiores empresas de sementes do mundo, que controlam grande parte do mercado mundial de sementes proprietárias estão também entre as maiores empresas de agrotóxicos do mundo, como a Monsanto, a Dupont, a Bayer e a Syngenta".

Maria José Guazzelli é engenheira agrônoma, formada pela Faculdade de Agronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e na década de 1980, participou na elaboração da Lei dos Agrotóxicos do Rio Grande do Sul (Lei 7747/82). Ela é coautora do livro Agropecuária sem veneno, tradutora dos livros Plantas doentes pelo uso de agrotóxicos - Teoria da trofobiose, de Francis Chaboussou; Agroecologia, de Stephen Gliessman, Nanotecnologia - Os riscos da tecnologia do futuro, do Grupo ETC, e Roleta genética - Riscos documentados dos alimentos transgênicos sobre a saúde, de Jeffrey Smith .


* Fonte: Instituto Humanitas Unisinos
Confira a entrevista no site: Disponível em: www.guiaeconegocios.com.br  acessado em 14/09/2009


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Prazo para regularização de orgânicos termina dia 31 de dezembro

noticias :: Por Editor em 27/12/2010 :: imprimir pdf enviar celular

Prazo para regularização de orgânicos termina dia 31 de dezembro:

Créditos: MAPAO prazo para adaptação dos agricultores às novas regras de produção orgânica termina no dia 31 de dezembro de 2010. A regularização se baseia nas regras para produção e comercialização, incluindo armazenamento, rotulagem, transporte, certificação e fiscalização, e segue as normas estabelecidas pelo Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade Orgânica.

A legislação brasileira estabelece três instrumentos para garantir a qualidade dos alimentos: a certificação, os sistemas participativos de garantia e o controle social para a venda direta sem certificação. O agricultor que estiver de acordo com as novas regras obterá o selo do Sistema Brasileiro de Avaliação de Conformidade Orgânica, fornecido por certificadoras cadastradas no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) que também fiscalizam os produtos.

O selo poderá ser concedido ainda pelos sistemas participativos de garantia, associações de produtores que fazem auditoria, fiscalizam e certificam os produtos. Os agricultores orgânicos que vendem por conta própria obtêm uma autorização para atuar em feiras e entregas em domicílio, quando se cadastram no site do ministério.

Organizações e produtores de várias unidades da federação já solicitaram a regularização ao ministério. Segundo o chefe da Divisão de Controle de Qualidade Orgânica, Roberto Mattar, os interessados podem acessar informações sobre legislação, cartilhas educativas para adequação aos novos regulamentos, formulários para cadastros e credenciamento no hot site prefira orgânicos e nas representações estaduais do ministério.

Os produtos orgânicos são cultivados sem emprego de agrotóxicos e fertilizantes químicos, são provenientes de sistemas agrícolas baseados em processos naturais, que não agridem a natureza e mantêm a vida biológica do solo ativa. As técnicas para obter o produto orgânico incluem uso de compostagem (processo que transforma a matéria orgânica em adubo), manejo orgânico do solo e diversidade de culturas. Também são características fundamentais na produção orgânica a responsabilidade social e ambiental, como o uso adequado do solo, água, ar e recursos naturais.

FONTE: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento

Sophia Gebrim - Jornalista